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‘Serviços’ caminham acima da média

Por Marco Dassori

24 de abril de 2023 às 16:59 Compartilhe

Os serviços do Amazonas começaram o ano em alta e na contramão da média nacional. Janeiro marcou o segundo mês consecutivo de crescimento para o setor, que responde pela maioria dos empregos e empresas do Amazonas. Mas, a taxa de expansão ante dezembro – que teve a mesma quantidade de dias úteis – não passou de 0,5%, ficando muito abaixo da registrada no levantamento anterior (+5,4%). O confronto com janeiro de 2022, mês em que a terceira onda de covid-19 começava no Amazonas, rendeu acréscimo de 8,4%. Em 12 meses, a atividade já acumula elevação de 8,9% no Estado.

 

O setor percorreu caminho inverso no restante do Brasil, sentindo mais o as limitações do poder de compra do consumidor pela inflação e pelos juros bancários, assim com os efeitos das incertezas pós-eleitorais. A desaceleração foi de 3,1% frente dezembro e ocorreu frente ao pico da série histórica da atividade. Apenas os serviços prestados às famílias e o subsetor de informação e comunicação ficaram no azul, nesse tipo de comparação. Mas, houve crescimento de 6,1% ante janeiro do ano passado, contribuindo para uma alta acumulada de 8% no volume de serviços brasileiros, na variação anualizada.

 

O avanço do IPCA também ampliou o descolamento da receita nominal em relação ao volume de serviços do Amazonas. A variação mensal do faturamento a preços correntes foi de 2,2% e também veio mais fraca do que a do mês anterior (-4,7%). Os comparativos anual (+12,1%) e do acumulado de 12 meses (+15,3%) mantiveram taxas de dois dígitos. O Estado acompanhou a média nacional (+0,1%, +12,9% e +15,4%) nessa dinâmica. É o que revelam os dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgados pelo IBGE.

 

Segundo o órgão de pesquisa, os serviços foram o setor que mais cresceu em 2021 e 2022, deixando para trás a marcha lenta imposta pela pandemia. No Amazonas o acréscimo foi de 8,9%, em 2022, ainda sob o bônus do arrefecimento da crise da covid-19. A projeção da Confederação Nacional de Serviços, por outro lado, é de um crescimento de apenas 1% na média nacional deste ano, com recuperação apenas no segundo semestre. O pessimismo é reforçado pelo elevado nível elevado de inflação e juros, mas também pela suspensão de investimentos diante do receio de eventuais perdas impostas pela reforma Tributária.

 

A despeito da redução de ritmo, a atividade ainda é responsável pela maior parte das contratações. Dados do ‘Novo Caged’ indicam que os serviços criaram 1.761 vagas formais em janeiro e sustentaram praticamente sozinhos o saldo positivo do Estado – especialmente nas micro e pequenas empresas, que responderam por 94,69% da oferta (1.696), conforme o boletim do Sebrae. O destaque veio do grupo que reúne informação, comunicação, e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+972).

 

Estados e atividades

 

Apesar da alta de 0,5% registrada na virada de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, o Amazonas despencou da quinta para décima posição do ranking. A lista foi encabeçada por Piauí (+13,3%), Rondônia (+7,6%) e Espírito Santo (+3,9%), enquanto Tocantins (-8,2%), Distrito Federal (-7,2%) e Rio de Janeiro (-5,5%) ficaram no rodapé de um rol com 16 performances negativas e uma estagnação. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o Estado (+8,4%), subiu da nona para a oitava colocação, com Tocantins (+13,9%) e Mato Grosso do Sul (-6,4%) despontando nos extremos.

 

O IBGE-AM reforça que, em virtude do tamanho da amostragem, a pesquisa no Amazonas ainda não apresenta os dados desagregados por segmentos. Segundo órgão, a retração mensal de 3,1% para os serviços de todo o país, se disseminou em três das cinco atividades investigadas. As exceções vieram das divisões de informação e comunicação (+1%) – vitaminada por telecomunicações e tecnologia de informação – e dos serviços prestados às famílias (+1%) – impactados pelos segmentos de alojamento e alimentação.

 

Em contraste, a maior influência negativa da média nacional veio dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-3,7%) – puxada para baixo por armazenagem, gestão de portos e terminais e transporte aéreo de passageiros. Os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%) também performaram mal em relação a dezembro, assim como os “outros serviços” (-9,9%). Neste último, o recuo decorreu da entrada de receitas típicas no mês anterior pelos serviços financeiros auxiliares.

 

Em entrevistas anteriores para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, observou que o setor de serviços cresceu quase que de forma ininterrupta desde janeiro do ano passado. Na análise do pesquisador, embora os dados locais disponíveis não possibilitem apontar as oscilações dos serviços do Amazonas desagregadas por segmentos, há uma sinalização de que a pandemia levou os empresários do setor a trilhar “um caminho próprio”.

 

Em comentários distribuídos pela assessoria do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques confirmou que o saldo de janeiro foi positivo, mas manifestou dúvidas quanto ao desempenho do setor nos próximos meses. “Os serviços do Amazonas tiveram uma pequena elevação e, na comparação com o mesmo mês do ano passado, alcançaram bom desempenho. Com isso, inicia o ano com acumulado de 8%, o que é bem positivo. Mas, a média móvel trimestral está negativa e a instabilidade econômica do momento, não permite previsão de crescimento para os próximos meses”, ponderou.

 

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente da PMS, Rodrigo Lobo, salientou que a queda mensal do setor no Brasil eliminou o ganho acumulado do último bimestre de 2022 (+3%), mas ocorreu “em grande parte” em função do “patamar elevado” da base de comparação. De acordo com o pesquisador, a atividade continua “muito próxima” de seu ponto mais alto da série histórica, 10,3% acima do nível pré-pandemia. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica”, acrescentou.

 

Seca e investimentos

 

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fecomercio-AM, Aderson Frota, ressaltou que os serviços sempre tiveram “certa vantagem” no desempenho estadual, comparado ao cenário nacional. Lembrou também que a atividade é menos afetada pelo câmbio e por aumentos de custos logísticos, embora também esteja sujeita aos impactos da inflação e dos juros. “O setor já é o mais importante, superando até o varejo. Tem empregabilidade alta e está muito participativa, apesar de problemas pontuais. O segmento de transportes, por exemplo, sofreu grandes problemas de volume de carga nesse período, com a baixa dos rios”, avaliou.

 

Já a ex-vice-presidente do Corecon-AM e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, se mostrou otimista em relação ao desempenho dos serviços do Amazonas neste ano. “Por ser um setor dinâmico e que necessita de mão de obra de variados graus de especialização e formação, responde mais rapidamente ao processo de recuperação. Acreditamos que prossiga apresentando desempenho positivo, pois esperam-se investimentos em obras de infraestrutura, transporte e comunicações”, encerrou.

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