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Cobras da Amazônia

Por Paulo Almeida Filho

26 de julho de 2023 às 12:35 Compartilhe

Em toda a Amazônia brasileira, existem 189 espécies de cobras registradas oficialmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), até 2017.

 

No Amazonas, relatos de cobras em áreas de mata e até mesmo no ambiente urbano das cidades costumam surpreender não só quem acompanha presencialmente, mas também quem vê imagens do animal.

 

De acordo com Luciana Frazão, bióloga da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a família Boidae possui as espécies que têm os maiores tamanhos entre as cobras que vivem na região Amazônica. Entre elas, as conhecidas jiboias e as sucuris, também conhecidas como “anacondas”.

 

Segundo a especialista, algumas das espécies chegam a alcançar tamanhos de até oito metros de comprimento, mas nem todas são venenosas.

 

As principais serpentes perigosas da região Amazônica são, principalmente, as jararacas, cascavéis, surucucu e as corais-verdadeiras.

 

Esses quatro nomes englobam cerca de 75 espécies e 6 gêneros de serpentes peçonhentas existentes no Brasil. Sob um olhar mais aprofundado, há duas grandes famílias que predominam, quando se refere ao ofidismo (acidente com serpentes) no Brasil.

 

Família Viperidae e família Elapidae. A primeira família, engloba 36 espécies e 4 gêneros diferentes:  os  gêneros Bothrops e Bothrocophias  (popularmente  conhecidas   como jararacas), Crotalus (cascavéis) e Lachesis (surucucu). Já a segunda família citada, inclui 39 espécies e 2 gêneros, Micrurus e Leptomicrurus, conhecidas como corais verdadeiras.

 

Porém, os acidentes com as jararacas são, definitivamente, os mais frequentes em qualquer bioma brasileiro: cerca de 87% de todos os casos.

 

Alguns exemplos das espécies citadas:

  1. Família Viperidae– Gênero Bothrops (jararacas): Bothrops atrox, Bothrops atrox, Bothriopsis bilineata, Bothrops moojeni, Bothrops jararacussu e Bothrops atrox

São animais com tamanho pequeno a grande porte, até cerca de 2 metros. Podem ser encontradas desde florestas primárias, áreas de plantio e até zona urbana, Grande parte das espécies apresentam hábitos terrícolas ou semi-terrícolas, isto é, o micro-habitat onde essas serpentes procuram seu alimento pode ser tanto no solo, como em árvores.

 

  1. Família Viperidae– Gênero Crotalus (cascavéis): Esse gênero engloba 6 espécies de serpentes e são famosas pelo chocalho na ponta da cauda. Têm tamanho médio a grande porte (até 2m). Estão presentes em cerrados, campos abertos, caatinga, restingas, pastagens e matas secundárias. Dessa forma, não são comuns em florestas densas e A espécie apresenta hábitos terrícolas e período de atividade noturno e/ou crepuscular.

 

  1. Família Viperidae- Gênero Lachesis (surucucu): Este gênero apresenta somente uma espécie em todo território nacional: Lachesis muta, popularmente, conhecida como surucucu. Tem tamanho de médio a longo porte (até 4m), sendo considerada a maior serpente peçonhenta da América. Tem uma apresentação física típica: duas cores, o amarelo, que pode ter tons rosados ou alaranjados como cor de fundo, e o preto, formando losangos que descem da região vertebral e vão se afinando até à região para ventral, com as escamas dorsais pontudas lembrando “picos de jaca”- Outro apelido dado a essa Ocorrem em florestas primárias. A espécie apresenta hábitos terrícolas e período de atividade noturno e/ou crepuscular, segundo o livro Animais Peçonhentos no Brasil (2009).

 

  1. Família Elapidae– Gênero Micrurus (corais-verdadeiras): São 39 espécies com dois gêneros: Micrurus e Leptomicrurus. São consideradas as serpentes mais venenosas do Estão em florestas primárias e também em áreas alteradas, incluindo registros de algumas espécies em áreas urbanas. É importante ressaltar que, para uma pessoa leiga e sem experiências com serpentes, distinguir corais-falsas e corais-verdadeiras é um trabalho difícil. Dessa forma, a recomendação é a mesma para as demais serpentes, não se aproximar caso as encontre na natureza.

 

Conheça as quatro espécies de cobras mais letais da Amazônia brasileira

 

Manaus – O caso do jovem em Brasília, no Distrito Federal, picado por uma cobra naja e posteriormente preso acusado de participar de uma rede de tráfico de animais silvestres acirrou o interesse dos brasileiros pelo tema.

 

Mas, assim como em outros lugares, as cobras da Amazônia mais destilam o seu veneno para predar os animais dos quais elas se alimentam do que para se proteger dos humanos que invadem os seus habitats naturais ou as mantém em cativeiro de forma ilegal.

 

Consultora desta reportagem, a bióloga Luciana Frazão Luiz, doutora em Biodiversidade e Biotecnologia pela Bionorte (Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal), ressalta que, no geral, cobras não são perigosas.

 

“Mesmo as peçonhentas só acabam picando um ser humano quando se  sentem ameaçadas, ou seja, para se defender. Porém, o veneno das cobras peçonhentas tem como principal utilidade auxiliar essas cobras em predar os animais das quais elas se alimentam”, explica.

 

Além disso, estes predadores cumprem importante papel nos ecossistemas locais, fundamentais para o equilíbrio ecológico da natureza, sendo responsáveis pelo controle das suas presas favoritas, entre elas, roedores de pequeno porte.

 

Mas, de fato, está no poder do veneno a maior expectativa quanto ao potencial farmacológico, cujas substâncias podem gerar compostos para medicamentos.

 

“O remédio Captopril, por exemplo, utilizado para o controle de pressão arterial, foi desenvolvido a partir do veneno de uma cobra do gênero Bothrops, o mesmo da jararaca-do- norte! Atualmente também é comercializado um adesivo cirúrgico, que substitui as suturas tradicionais, testado com sucesso para colar pele, nervos, e até mesmo na cicatrização de úlceras, como as causadas pela diabete”, diz Luciana.

 

A pesquisadora afirma que as cobras devem ser pensadas não apenas como estes animais que oferecem riscos, mas que também podem trazer benefícios à população.

 

“Só com esses medicamentos, as cobras já salvaram muitas vidas, ou seja, tomando cuidado e mantendo o respeito, é possível conviver de forma harmoniosa com esses animais e investindo em ciência e pesquisa, podemos ainda gerar medicamentos que podem salvar vidas”.

 

Confira as cobras mais perigosas: Na Amazônia brasileira, existem dois grupos de cobras peçonhentas que são consideradas de interesse médico, mas que trazem algum risco para os seres humanos: os viperídeos, cobras da família Viperidae, que são a Jararaca, a Surucucu e a Cascavel; e os elapídeos, cobras da família Elapidae, e são as cobras-corais verdadeiras.

Dentre as espécies de Jararaca, a mais comum é a jararaca-do-norte (Foto: Alexandre Almeida/Divulgação)

 

Jararaca

É considerada a espécie que ocorre mais comumente na Amazônia devido à alta abundância e também por ser uma espécie que tolera ambientes modificados, como nas proximidades de cidades e fragmentos florestais.

 

É uma espécie que pode chegar até 2,1 metros de comprimento.

 

As jararacas são animais considerados mais ativos no período noturno e frequentemente encontradas próximo à corpos d’água, como igarapés.

 

Se alimentam quando adultas principalmente de pequenos mamíferos, como ratos.

 

Uma das formas de prevenir acidentes com esse animal é manter o entorno da moradia limpo e livre de entulho, pois lixo atrai ratos, que atraem as cobras.

 

Além disso, os entulhos são vistos por elas como locais de esconderijo.

 

A espécie Lachesis muta ou Surucucu tem um dos venenos mais letais entre as cobras das Américas (Foto: Sérgio Marques/Projeto Sisbiota)

Surucucu

 

A Surucucu é a maior cobra peçonhenta das Américas.

 

“Isso por si só acaba causando pânico nas pessoas”, lembra a pesquisadora Luciana Frazão.

 

“Porém esse animal está associado a matas de floresta primária, ou seja, áreas muito bem conservadas. Também é importante dizer que são animais que ocorrem pontualmente nessas florestas, o que dificulta o encontro desses animais, mesmo para quem trabalha com eles”, ressalta Luciana.

 

E por ser um animal de grande porte, o risco maior do envenenamento se deve por ela poder injetar uma grande quantidade de veneno na presa, devido ao porte do próprio corpo. Esses animais podem alcançar até 3,5 metros de comprimento.

Principal característica da cobra Cascavel é o chocalho na ponta da cauda (Foto: Anderson Rocha/Inpa)

 

Cascavel

 

A cobra cascavel se diferenciam dos demais tipos de cobras porque possue um chocalho na ponta do rabo, que funciona como um verdadeiro sinal da sua aproximação.

 

Trata-se de um dos venenos mais perigosos, o que faz com que ela ocupe o primeiro lugar em mortes causadas por mordidas de cobra no Brasil.

 

Na Amazônia, esses animais têm hábitos noturnos, principalmente por conta das altas temperaturas durante o dia.

 

Dentre os efeitos dos diferentes tipos de veneno das cascavéis, estão a paralisia, insuficiência renal e respiratória, dores musculares e urina escura, hemorragia e sangramentos.

Dentre as espécies de corais-verdadeiras que ocorrem na Amazônia, podemos citar Micrurus spixii (Foto: Projeto Sisbiota)

Corais-verdadeiras

 

As espécies dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus, possuem pouquíssimos casos de acidente ofídico. Isso se deve por essas espécies terem um comportamento bastante tímido.

 

Elas costumam se locomover por baixo das folhas secas do chão da floresta e até mesmo no solo. Isso faz com que os encontros com os seres humanos sejam raros, e geralmente o acidente ofídico ocorre quando elas são pisadas ou tocadas sem querer.

 

“O que poderia ser evitado caso as pessoas se protegessem ao andar na floresta, usando botas ou calçados fechados e olhando antes de colocar a mão em algum lugar”, avalia a pesquisadora.

 

Quando for picado… Quando ocorre o acidente ofídico é importante lavar o local com água e sabão e encaminhar a vítima para o hospital mais próximo e, se possível, levar uma foto da cobra que causou o acidente (ou mesmo a cobra, se ela foi morta).

 

Isso ajuda no tratamento, pois as cobras apresentam diferentes tipos de veneno.

 

Por exemplo, as jararacas apresentam veneno com atividade proteolítica (inflamação aguda, podendo causar necrose no local), coagulante e hemorrágica.

 

Já as corais-verdadeiras apresentam veneno com atividade neurotóxica, que em casos mais graves, tem risco de insuficiência respiratória para quem foi picado.

 

Por isso, a identificação da espécie é importante para que o soro específico seja administrado.

 

Não são recomendadas medidas que possam retardar o diagnóstico correto, como ingestão de chás e afins, que possam confundir os sintomas.

 

Espero que tenham gostado.

Paulo Almeida Filho – Inativo/Am

FONTE: Wikipédia, Google, FIBGE. Thays Prado, Por Michelle Portela

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