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Lenda Amazônica da Piripirioca e A História do Pau-Rosa

Por Paulo Almeida Filho

13 de maio de 2024 às 14:46 Compartilhe

 

    A PIRIPIRIOCA é uma planta cheirosa, que as moças usam para conquistar os rapazes.

    E ela surgiu da paixão das índias da Tribo Manaós pelo indio Piripiri, que não estava ainda na hora de amar.

    O nome PIRIPIRIOCA tem origem no tupi-guarani e deriva de uma lenda do povo Aruaca. Piripiri era um guerreiro bonito e forte que exalava um cheiro irresistível e misterioso.

    Todas as índias eram encantadas por ele.

    Entretanto, sempre que uma delas tentava chegar perto, o guerreiro se tornava fumaça.

    A tribo Manaós vivia num lugar muito bonito da floresta amazônica e era conhecida pela beleza das mulheres indígenas.

    Um dia, um índio estranho estava pescando no lago próximo a tribo.

    Era Piripiri que pescava pirás.

    Quando o bando de cunhãs da tribo Manaós o avistou, elas se aproximaram para tentar conhecê-lo melhor.

    Uma delas falou:

    — De que terra vens, ó moço bonito?

    — Tu és lindo feito a manhã.

    Piripiri não as olhou, mas uma das índias botou a mão no ombro dele.

    Mal a mão tocou o moço, ficou toda perfumada.

    As cunhãs ficaram maravilhadas.
— Moço, conta para nós qual é o teu segredo.

    — Se não contares, o levaremos preso para nossa taba.

    Mas, ele apenas gritou:-

    — Meu nome é Piripiri!

    Ao gritar, ele pulou rapidamente no rio, e na linha de pescar levava três cunhãs.

    As outras moças pediam para ele não ir embora: — Piripiri, não vás, somos amigas e te queremos bem.

    Elas esperaram por muito tempo que ele voltasse. Sentaram-se na praia e esperaram
longamente pelo moço.

    No entanto, Piripiri não voltou. Apenas o seu cheiro ficara no vento, um cheiro embriagador que envolvia toda a floresta.

    Lá longe, Piripiri libertou as moças presas à linha de pesca. Ele disse a elas: — Não queiram pensar no meu amor. Ainda não é meu tempo de amar, não me esperem mais, cunhãs Manaós.

    Apaixonadas, porém, as cunhãs permaneceram inconsoláveis na espera.

    Depois de muito tempo, vendo a tristeza das cunhãs, apareceu na tribo um jovem feiticeiro chamado Supi.

    Querendo ajudar as moças, ele disse: — Se o cabelo de vocês tocar Piripiri, ele ficará preso.

    Quando a lua cheia vier, vão até a praia onde ele costuma estar e cada uma leve na mão um fio de cabelo para amarrá-lo.

    No dia marcado, as cunhãs foram para o rio.

    Elas viram Supi que estava pescando. Supi puxava a linha e tirou um peixe.

    Ele enterrou o peixe na areia. A lua subia bem alto. Elas viram que o peixe virava Piripiri.

    As cunhãs, devagarinho, com os fios de seus cabelos amarraram Piripari.

    Elas vibravam de contentes.

    Enquanto elas o amarravam ele olhava para o céu e cantava uma linda cantiga, mas ele não se mexia.

    Elas então se queixaram a Supi: —- Nós o prendemos, mas ele nem se deu conta.

    O feiticeiro tratou de tranquilizá-las: —- Enquanto ele está cantando a alma dele passeia pelo céu, entre as estrelas.

    Não toquem no corpo dele, do contrário ele desperta e a alma ficará no céu.

    Logo que ele despertar, podem levá-lo para casa.

    No entanto, Piripiri demorava a acordar. As cunhãs começaram a perder a paciência e diziam:
—— Acorda, Piripiri.

    Puraê, uma das cunhãs, chegou a tocar no ombro num gesto muito impaciente.

    Neste momento, Piripiri se calou e a lua tornou-se escura.

    Soprou forte um vento frio e as cunhãs caíram em sono profundo.

    Quando elas acordaram, no mesmo local onde haviam deixado o corpo de Piripiri estava uma pequena planta, uma plantinha apenas, mas de um perfume encantador.

    Neste instante, Supi se aproximou:

    — Me escutem, cunhãs Manaós. Quem quiser cheiro de encanto, use no banho esta planta que desde hoje passar a se chamar PIRIPIRIOCA, a planta que nasceu de piripiri.

    E Puraê, a cunhã mais desobediente, de castigo, caiu nos braços de um sapo cururu gigante. As outras cunhãs, entristecidas voltaram para a taba.

    Nunca mais Piripiri foi visto à beira do rio ou cantando uma cantiga voz de estrela misteriosa.

    Até hoje as caboclas da Amazônia usam a planta cheirosa para conquistar outros moços.

 

 

 

 

 

A História Do Pau-Rosa

Pau-rosa: o fixador de perfume da floresta amazônica
Óleo extraído da árvore pau-rosa é usado na fabricação de perfumes.

    Encontrado na Floresta Amazônica, o PAU-ROSA (Aniba rosaeodora) são árvores que podem atingir até 30 metros de altura, com troncos de dois metros de diâmetro.

   Embora às vezes referido erroneamente como jacarandá, esse nome é totalmente
enganoso; não é uma árvore do gênero Dalbergia. Ela cresce em partes da floresta
tropical da América do Sul.

    Sendo típica de floresta de terra firme e floresta ombrófila. É encontrado nos estados
brasileiros do Amapá, Amazonas e Pará.

    Também é encontrado na Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa, onde anteriormente era mais difundido.

    É enorme, com até 30 metros de altura e 2 metros de diâmetro, e perene. A árvore inteira é perfumada. Substâncias na árvore incluem linalol e rubranina.

    As flores são perfeitas, com dioicia temporal. A fruta é uma drupa roxa espalhada
por tucanos. Tem 24 cromossomos. O fluxo gênico é alto entre as populações selvagens.

    É uma espécie em extinção que vê a exploração de seu óleo essencial.

    Também conhecida como pau-rosa mulatinho, pau-rosa itaúba e pau-rosa imbaúba, essa espécime produz um óleo que é utilizado como essência na fórmula de vários perfumes na Europa e Estados Unidos, principalmente na fabricação do perfume Chanel No5, usado por Marilyn Monroe.

    “Até pouco tempo, o óleo do pau rosa era usado como fixador. É um segredos dos perfumes franceses” afirmou Ari Hidalgo.

    Sua exploração começou na década de 1920, onde o produto chegou a ser o terceiro colocado em exportações da Amazônia, ficando atrás apenas da borracha e castanha.

    Estima-se que entre 1937 e 2002, dois milhões de árvores foram derrubadas em cerca de 10 milhões de hectares da Floresta Amazônica.

    Para extrair o óleo, é preciso derrubar uma das árvores da espécime para então, picotar seu tronco e fervê-lo em uma caldeira para que o óleo evapore com a água e condense.

    E 1992, o pau-rosa entrou para a lista de espécies ameaçadas do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e também está incluída nas listas oficiais de espécies em extinção na Colômbia e Suriname.

    Anteriormente, a árvore era encontrada em toda a Amazônia, mas, hoje em dia, é possível apenas nos municípios de Parintins, Maués, Presidente Figueiredo e Nova Aripuanã.

    Recentemente, a produção sustentável do plantio da árvore de Pau Rosa vêm se tornando uma alternativa para impulsionar a economia do estado do Amazonas e utilizar como fonte de renda para os pequenos produtores. Técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuária e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM), fizeram uma visita no dia 9 de junho a uma agroindústria localizada no município de Itacoatiara com o objetivo de avaliar o progresso para a produção de óleos essenciais e firmar uma parceria para viabilizar o plantio da espécie e movimentar a economia.

    A árvore é coletada na natureza. Após a derrubada, as árvores são cortadas em toras de um metro de comprimento que são levadas para a margem do rio e ali estocadas.

    Quando o nível do rio está alto o suficiente, as toras são transportadas rio abaixo até uma destilaria. Devido ao afastamento e à dificuldade de viajar na Amazônia, as destilarias costumam ser móveis, transportadas por balsas.

    Ao chegarem à destilaria, as toras são lascadas e depois destiladas a vapor.

    Cada árvore produz cerca de 1% de óleo em peso de madeira.

    A maior parte da produção mundial vem do Brasil; desde a década de 1960, outras áreas produzem apenas uma quantidade menor e insignificante.

    As árvores são retiradas perto do Amazonas e seus afluentes. A madeira também pode ser utilizada pelos povos indígenas da bacia amazônica à fabricação de canoas, mas é um uso menor.

    Além disso, cavacos velhos são usados como combustível para operar as destilarias. O
pau-rosa é conhecida como Pau-Rosa no Brasil. O suprimento dessa madeira foi muito usado em excesso no passado e agora é tão difícil comercializá-la legalmente quanto
o marfim de elefante.

    O pau-rosa é uma espécie em extinção. As populações diminuíram rapidamente devido aos métodos de colheita destrutivos. Áreas exploradas anteriormente não viram muito crescimento. Pode até estar criticamente ameaçado.

    Populações selvagens existem em locais remotos, portanto, é improvável que sejam
exploradas.

    O primeiro registro de extração aconteceu em 1967. Desde então, estima-se que mais de 2 milhões desta árvore já tenham sido cortadas irregularmente, sem a correspondência de replantio.

    O governo brasileiro promulgou regulamentos para ajudar a conservar a espécie. Houve dificuldades com a aplicação. Ele, ou melhor, sua madeira e óleo essencial, está no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).

    Se as folhas pudessem ser usadas como fonte, isso ajudaria a conservar a espécie. Tem sido sugerido que os métodos de produção sejam alterados para garantir abastecimento sustentável. Devido aos riscos de extinção, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) condiciona os extratores de óleo de pau-rosa a fazer a reposição de mudas segundo quantidade exportada, sendo 80 mudas para cada tambor de 180 quilos de óleo exportado; e condiciona o corte de seus troncos, na Amazônia, a 50 centímetros do solo, para que haja rebroto.

 

Paulo Almeida Filho – Inativo/Am

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