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Festival Folclórico do Amazonas, em Manaus

Por Paulo Almeida Filho

24 de abril de 2024 às 18:15 Compartilhe

O “Festival Folclórico do Amazonas”, ideia e criação do jornalista Bianor Garcia, ex-deputado estadual, ex-vereador de Manaus e cronista político, nasceu no dia 21 de junho de 1957, no estádio “General Osório“.

Aberto ao público no centro da cidade, em frente ao quartel do 27º Batalhão de Caçadores (27º BC), onde havia até arquibancada de concreto.

Pertence, agora, privativamente, ao “Colégio Militar de Manaus”.

Bianor o apresentou e dirigiu até 1963, um ano antes da revolução militar de 1964.

Os seus primeiros promotores foram os jornais “Diário da Tarde” e “O Jornal”, da empresa Archer Pinto, detentores da maior circulação – fechados, por falência, na década de 70, resultando na transferência de sua coordenação para o Governo do Estado e, hoje, também para a Prefeitura Municipal de Manaus.

Iniciando a profissão de comunicador em 1949, no “Jornal do Comércio” e na „‟Rádio Baré‟‟, órgãos do também extinto Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand, Bianor Garcia chegou à editora Archer Pinto em 1956, como editor-chefe do seu vespertino “Diário da Tarde” e redator do matutino “O Jornal”.

Nesse mesmo ano (1956), morria no Rio de Janeiro o dono desses dois jornais, Aguinaldo Archer Pinto, e mais uma vez ocorria encontro sangrento entre dois bumbas, alta madrugada, na ponte metálica de Cachoeirinha, saindo alguns figurantes e torcedores esfaqueados, caceteados e atirados ao igarapé por cima do gradil.

Cada instrumento de som ou adereço, geralmente cano-de-ferro revestido de cetim, era uma arma camuflada potencialmente perigosa e mortífera nas mãos de “índios”, “vaqueiros”, “rapazes” ou mesmo simpatizantes, fanáticos, que acompanhavam os “bois” nas suas exibições.

“Corre Campo”, “Mina de Ouro”, “Vencedor” e “Tira Prosa” eram os mais populares e inimigos apaixonados entre si. Quando se encontravam, noite adentro, com as ruas às escuras, as agressões eram inevitáveis”.

Esses “incidentes tradicionais”, segundo Bianor Garcia, levaram-no a idealizar uma festa anual, em forma de concurso, reunindo em praça pública, a céu aberto, inteiramente gratuito, não apenas os “bois”, mas toda e qualquer manifestação de cultura popular, no centro da cidade, premiando os vencedores com troféus, dinheiro, condução, propaganda, reportagens, fotografias e recursos financeiros para a sua preparação antecipada e aprimorada.

Com isso, acabariam a rivalidade hostil e as cenas de pancadaria altamente belicosas. Bianor venceu.

Pode haver rivalidade, hoje, mas as agressões nunca mais aconteceram. Para obter isso, seria necessário o apoio das autoridades, para bancar essas despesas. Isso também foi conquistado até hoje.

Bianor faz questão de realçar o nome do professor Mário Ipiranga Monteiro: “É talvez o único folclorista que o Amazonas possui, conhecido em todo o Brasil. Com ele aprendi muita coisa ou o suficiente para organizar o festival, embora não seja eu folclorista nem tenha me dedicado ao estudo ou pesquisa do folclore. O que eu sei, realmente, é fazer a festa, modéstia a parte, como o povo gostava ou como até hoje reclama.

Por isso mesmo, Mário Ipiranga foi o primeiro a ser convidado para presidir a Mesa Julgadora dos festivais. “Ele faz muitas restrições ao festival, às manifestações folclóricas, às deturpações, mas a verdade é que o ritmo de modernidade do Brasil e do mundo conduz a essas modificações na originalidade”.

Desde então, o evento tem desempenhado um papel fundamental na difusão da cultura popular do Amazonas. Ao longo dos anos, o Festival Folclórico do Amazonas cresceu e se tornou uma celebração icônica da região.

As apresentações incluem cirandas, danças nordestinas e internacionais, quadrilhas, bois-bumbá e tribos, proporcionando um panorama diversificado das tradições folclóricas amazônicas. Essa se tornou uma oportunidade para que artistas e grupos folclóricos mostrem seus talentos e preservem as tradições culturais da região.

O Festival Folclórico do Amazonas tem extrema importância para a preservação e valorização da cultura popular do estado. Por meio das apresentações folclóricas, o festival mantém viva as tradições ancestrais da região, transmitindo conhecimentos e valores de geração em geração.

Além disso, o festival promove o intercâmbio cultural entre diferentes grupos e comunidades, fortalecendo os laços sociais e a identidade local.

Através das danças, músicas e manifestações artísticas, o festival cria um ambiente de celebração e orgulho, contribuindo para a construção de uma sociedade mais integrada e consciente de suas raízes culturais.

Com Lendas, contos, mitos, histórias que você costuma ouvir desde criança ou que seus avós sempre contaram, fazem parte da identidade cultural de nossa cidade e são responsáveis por nos ajudar e entender nossas origens, projetando nosso caminhar rumo ao futuro sem que esqueçamos quem somos. Essa é a maior riqueza do Festival Folclórico do Amazonas que já chega à várias edições.

O festival conta a história da cultura ribeirinha e seus elementos mestiços do caboclo, indígena, negro e nordestino. É no palco que o caboclo e o artista se misturam, dando vida, cor e ritmo às lendas e mitos da Amazônia em uma diversidade de danças que só existem aqui.

Desde 2013, a Prefeitura de Manaus apoia as manifestações culturais folclóricas através de editais, uma maneira transparente, democrática e que oferece oportunidades iguais para acesso aos recursos públicos. A Prefeitura de Manaus orgulha-se de ter participado desse resgate, vivenciando, desde 2017, esse sentimento de paixão que move aqueles que se apresentam, representando sua comunidade e contando nossa história, passando esse compromisso de geração em geração.

Desde 1957 o Festival Folclórico do Amazonas reúne as manifestações folclóricas presentes nos bairros de Manaus em danças que vão da ciranda às tribos, da quadrilha tradicional à cômica, da dança nordestina ao cacetinho, dança que remete às tradições indígenas de usar tacapes e bordunas para comunicar-se e que é considerada patrimônio imaterial do Amazonas.

O festival inicialmente acontecia no Centro de Manaus, onde hoje está localizado o Colégio Militar. Após 1979, com a instalação do colégio, ele foi transferido para o Parque Amazonense, posteriormente para o Estádio da Colina e também para o antigo Estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão.

Mas foi na Praça Francisco Pereira da Silva, mais conhecida como “Bola da Suframa”, que o evento ganhou força e se tornou ainda mais conhecido na cidade.

Mais tarde foi criado o Centro Cultural Povos da Amazônia, que também abrigou a festa por muitos anos.

Em 2017, a fim de resgatar a proximidade e a participação do público, o Festival Folclórico do Amazonas passou a acontecer na Ponta Negra com um novo elemento: a feira gastronômica.

Comidas típicas e novos sabores se misturam em uma diversidade de pratos com preços populares: Tacacá, Vatapá, Pirarucu à Casaca, Sorvete na Chapa, Quitutes Japoneses, Pizza no Cone e muitos doces, são uma atração à parte do festival.

Ao longo dos anos, as manifestações culturais ganharam diversos significados e símbolos no espaço. No âmbito de Manaus, o Festival Folclórico do Amazonas ganhou notoriedade por uma territorialidade em sua realização e em seus grupos folclóricos ao longo de 63 anos de realização do evento, sobretudo na esfera política e social.

O objetivo do trabalho é analisar o território das danças e suas relações sociais em uma temporalidade recente, a partir de uma metodologia baseada em revisão bibliográfica, documentação e ao trabalho de campo realizado com grupos específicos de dança.

A partir disso, nota-se o surgimento de territórios e identidades de torcedores e simpatizantes, acompanhando as transformações urbanas, sociais e políticas da cidade construídas ao longo dos anos, impactando diretamente as disputas folclóricas dentro da arena.

Além disso, são destacadas as diversas relações sociais existentes no mundo do folclore e cultura na cidade de Manaus, além dos símbolos formados a partir da manifestação cultural, tanto em aspecto de identidade dos bairros quanto na presença do âmbito escolar nas agremiações.

General Osório (Centro)

Bola da SUFRAMA

 

Boi Bumbá Tira Prosa

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