O Pólo Industrial de Manaus (PIM) apresenta sinais inequívocos de extrema fragilidade no tocante ao modelo implantado em 1967 via DL 288/67. Forçoso reconhecer, o modelo se mantém, regra geral, sem avanços significativos em termos de tecnologia de processos e produtos e estratégias de mercado, restrito a um caduco modelo de substituição de importações em plena era da economia globalizada. O cenário choca-se com os interesses do estado do Amazonas, que deposita na diversificação de sua economia o vetor de seu crescimento econômico, ancorado na exploração racional da bioeconomia, da mineração, do pólo gás-químico, do ecoturismo, da produção madeireira via manejo florestal sustentável. A premissa consiste em integrar ações sob a governabilidade do Executivo e interação das classes políticas e empresariais, da estrutura de ensino, pesquisa e extensão, enfim, da sociedade em geral. O efetivo arrimo da integração da matriz econômica PIM x Biotecnologia e fator de perpetuação da ZFM como modelo econômico autossustentável.
Em escala ampliada, o pensamento amazônico responsável e proativo, longe dos radicais que defendem a preservação pela preservação, defende tese ancorada em modelo baseado na organização da base produtiva da região. A implementação do modelo, segundo Bertha Becker, exige “uma escala adequada para poder ter atividades rentáveis, que geram empregos e renda, já que a condição de vida da população é muito importante”. Desta forma, fundamental “implementar um modelo de desenvolvimento que utilize o patrimônio natural sem destruí-lo, atribuindo valor econômico à floresta, sustentado na ciência, tecnologia e inovação como os três pilares fundamentais para implementação desse novo modelo, a base produtiva da região, geradora de riquezas e trabalho”.
Berta Becker defende: “a Amazônia precisa de desenvolvimento econômico, não apenas de proteção ambiental. Não podemos ficar só com áreas protegidas. Primeiro porque a proteção já não protege mais e o desflorestamento continua. E só proteger não gera renda e trabalho, fundamental para a população. O que precisamos é produzir para preservar”. Deixa claro que “o ambientalismo excessivamente preservacionista da década de 1990 esgotou-se como um modelo para a região por dupla razão: primeiro, porque não conseguiu barrar a expansão da agropecuária capitalizada; segundo, porque a conscientização crescente da população amazônica, que demanda melhores condições de vida, resultou na criação de mercado de trabalho e renda e, portanto, no uso do seu patrimônio natural.
O empresário Jaime Benchimol, presidente do grupo Fogás, é categórico: “precisamos explorar nosso vasto potencial ecoturístico e suas amplas variantes, desde hotelaria de selva, pesca e outros esportes aquáticos, como canoagem; observação de pássaros e animais silvestres; além da mineração, petróleo e gás, exploração florestal sustentável, etc.”. Entretanto, o tempo corre celeremente e continuamos aguardando o amanhã, que nunca chega. Manaus, todos concordam com a proposição de Bertha Becker, pode vir a se tornar a capital mundial dos serviços ambientais. As portas estão escancaradas, “precisamos adentrar ao proscênio e exercer nosso papel com responsabilidade social e pragmatismo econômico”, afirma Benchimol.
O pesquisador do Inpa, Niro Higuchi, pragmaticamente avalia: “como no Vale do Silício, nos Estados Unidos, berço da indústria de informática, a premissa é colocar gente talentosa, e inteligente para produzir conhecimento e soluções a partir de talentos locais e da bagagem de mais de 20 mil anos de relacionamento entre o homem e a floresta”. Sem qualquer dúvida, “o vale da biotecnologia, da bioengenharia genética, para equacionar os enigmas que atormentam a espécie humana é nossa maior vocação de negócios”. Esta, ao que entendo, a base estrutural responsável pela definitiva solidificação da ZFM como modelo econômico autônomo na perspectiva 2073.