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Operadores e beneficiários da ZFM não conhecem a ZFM

Por Juarez Baldoino da Costa

11 de dezembro de 2024 às 16:59 Compartilhe

”Parlamentares ouvem muito seus eleitores, mesmo que às vezes apenas em épocas de eleição, mas seria o suficiente para votar o PLP 68, entre outros.”

Boa parte dos trabalhadores e outros operadores tem pouca informação sobre a origem e funcionamento da ZFM e sua relação com seu próprio cotidiano e até com seu futuro.

Alguns agentes da construção civil, por exemplo, como mestres de obras, pedreiros, ajudantes de obra e até donos de empresas do setor, nem sempre fazem a leitura ampla de que os programas Minha Casa e Minha Vida que permite a construção de moradias, ou os condomínios e residências particulares em geral, grandes ou pequenos, de alto padrão ou os mais populares, todos que lhes dão emprego e renda, têm ligação direta com o DL 288/67 que criou a ZFM.

Apenas em Manaus, para abrigar os mais de 2 milhões de pessoas que vieram habitar hoje a cidade a partir da década de 1970 para suprir a mão de obra do parque industrial do PIM e seus demais serviços e suprimentos, o setor imobiliário erigiu milhares de metros quadrados e foi um dos grandes beneficiários econômicos, mesmo sem apresentar nenhum projeto à Suframa ou à Sedecti.

As expansões para Iranduba e outras localidades seguem o mesmo contexto, e os negócios lá feitos não são em razão da Ponte Jornalista Phelippe Daou como alguns proprietários de
terrenos consideram, mas sim da ZFM, inclusive a própria ponte.

Há centenas das chamadas Banca de Café espalhadas pela capital e estabelecimentos da alta gastronomia que igualmente atendem os 2,4 milhões de habitantes, e que ajudam inclusive aos plantadores de macaxeira de Carauari ou aos plantadores de açaí em Coari a venderem sua produção para a capital, sem saberem todos que o DL 288 é que lhes permite esta renda; os amazônidas do interior podem até trocar suas rabetas por uma mais nova e os donos de restaurante podem trocar de carro, todos em razão da ZFM.

A geladeira enviada de barco para a D. Raimunda de Eirunepé pelo seu filho, balconista do comércio amazonense que recebeu boas comissões de suas vendas na loja de material elétrico na qual trabalha, e com as economias feitas conseguiu atender sua mãe, só foi possível porque há PPB – Processo Produtivo Básico aprovado por Brasília que permitiu a fabricação de produtos incentivados cuja fábrica demandou cabos elétricos para suas instalações industriais, comprados na loja do filho da D. Raimunda. Provavelmente a D. Raimunda ou até seu filho não sabem o que é o DL 288, muito menos o que seja PPB.

Há graduados pela UEA – Universidade Estadual do Amazonas que não sabem que se formaram com recursos públicos obtidos com o dinheiro da venda de celulares que as fábricas de Manaus fizeram para as milhares de lojas espalhadas pelo Brasil.

Algumas famílias de São Paulo ou Recife podem ir a um restaurante porque economizaram milhares de reais ao comprar TV e aparelhos de ar condicionado mais baratos por serem feitos na ZFM, e talvez tenham votado em parlamentares que não são favoráveis a manter estes produtos mais baratos, por não serem favoráveis a medidas de proteção desta mesma ZFM.

Os entregadores de delivery de Taubaté ou de Macapá ganham melhor a vida porque conseguiram comprar uma moto mais barata por ser produzida na ZFM, talvez entregando uma pizza na casa de um industrial que quer que as motos sejam feitas fora do PIM, custando mais de 30% a mais, porque não entendeu o artigo 1º. do DL 288.

Ao invés de explicar para o Congresso o que é a ZFM, seria mais eficiente divulgar para os eleitores do Brasil o quanto perderiam sem ela.

Parlamentares ouvem muito seus eleitores, mesmo que às vezes apenas em épocas de eleição, mas seria o suficiente para votar o PLP 68, entre outros.

Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Contabilista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

 

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