Com o advento da energia solar fotovoltaica conectada à rede e sua popularização, em agosto de 2024 o Brasil ultrapassou a marca de 2,8 milhões de unidades consumidoras com geração distribuída instalada, fazendo da energia solar a segunda principal fonte de energia na matriz energética brasileira, com cerca de 20% de representação.
Dos equipamentos necessários para a instalação de um sistema fotovoltaico, destacamos o módulo fotovoltaico, responsável pela captação de luz solar e transformação desta para energia elétrica através do efeito fotovoltaico. Este equipamento é majoritariamente importado, uma vez que não temos produção nacional capaz de atender a evolução e demanda do mercado brasileiro.
Os fabricantes de painéis solares em sua grande maioria oferecem dois tipos de garantia: contra defeito de fabricação e contra perda de eficiência linear, que garante a qualidade e a certeza de entrega de potência dentro de um período de no mínimo 25 anos.
Devido ao surto de crescimento do setor, o Brasil foi inundado de módulos solares de diversas fabricantes, porém começamos a nos deparar com um sério problema, o chamado “fake power” ou “painel fake”, que nada mais são do que módulos de algumas empresas que não geram a potência esperada e geralmente não têm certificações internacionais, como RETC, PVEL, AAA.
Estes equipamentos “fake” foram aprovados por alguns órgãos internacionais e INMETRO, porém os testes de avaliação são feitos em poucas amostras destes produtos, comumente chamadas de “golden samples” ou “amostras de ouro” – uma alusão ao fato de serem amostras especiais, feitas somente para passar nos testes de certificação – e o problema de qualidade real só se revela na operação da usina, que utilizará módulos da linha de produção em massa, que não foram testados, resultando em usinas que não atingem o resultado esperado. Além disso, o preço destes painéis é bem mais barato que aqueles que atendem as certificações e são de fabricantes com longo histórico no mercado.
Assim, como então podemos realmente ter certeza de que não estamos comprando gato por lebre, ou seja um “painel fake”?… e mais, como saber se realmente a perda de eficiência linear do módulo está dentro da faixa aceitável, de forma que o painel está de fato entregando aquilo que informa em sua folha de dados da compra?
A solução mais apropriada seria de criarmos o hábito de realizar inspeções de qualidade em todo o processo, desde a compra, passando pelo transporte, instalação, até o momento da manutenção periódica daqueles já instalados, exigindo uma a avaliação técnica de eficiência do módulo! Assim, comprando módulos de empresas que realmente tenham compromisso com a qualidade e avaliem a cadeia de produção antes dela, dá ao cliente uma maior segurança ao equipamento comprado, como também a educação do cliente de solicitar manutenções periódicas de empresas que realizem não apenas a “limpeza dos módulos”, mas também a análise de eficiência destes.
Entre os ensaios básicos de eficiência de módulos fotovoltaicos estão: avaliação da corrente de curto-circuito, avaliação da tensão de circuito aberto, levantamento da curva IxV do painel, até ensaios mais elaborados, como o de eletroluminescência, que detecta falha nas células fotovoltaicas de um módulo.
Criando estes hábitos, estamos não apenas garantindo a qualidade dos produtos comprados e o investimento realizado, mas estamos também auxiliando a retirar do mercado empresas sem compromisso com a verdade e excelência nos serviços.
Rodrigo Learth Junqueira
Eng Eletricista; Especialista em Energias Renováveis e Eficiência Energética; MBA em Projeto, Execução e Controle de Engenharia Elétrica; Inspetor Sênior de Qualidade de Materiais e Processos; Proprietário da Plug Soluções Sustentáveis Ltda.
Tel.: 92 99367-9763
Instagram: @rodrigolearth
Email: rodrigolj@plugsustentavel.com.br
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