FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTIN
O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular brasileira que acontece todos os anos no município de Parintins, no interior do estado do Amazonas. O festival é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
As apresentações, que começam na última sexta-feira do mês de junho e vão até o domingo, simbolizam uma disputa a céu aberto entre duas agremiações folclóricas, a do Boi Garantido (vermelho) e a do Boi Caprichoso (azul), que acontece no Centro Cultural de Parintins – mais conhecido como Bumbódromo. Tem capacidade para 35 mil espectadores.
São milhares de turistas do Brasil e do mundo que acompanham as toadas dos bois Garantido e Caprichoso. Na época do festival, a população de Parintins, de 115 mil habitantes, chega a quase dobrar. Segundo a prefeitura do município, cerca de 80 mil turistas visitam a cidade durante o festival. O Festival Folclórico foi responsável pela divulgação de algumas músicas que ficaram famosas, como os hits: ―Ninguém Gosta Mais Desse Boi do Que Eu (1990)’, ‘’Tic, Tic Tac (1993)’’, ‘’Vermelho (1996)’’, ‘’Saga de Um Canoeiro (1994)’’, ‘’Parintins Para o Mundo Ver (1997)’’, ‘’Bicho-Homem (1998)’’, ‘’Lamento da Raça (1996)’’, ‘’Ritmo Quente (1997)’’, ‘’Rostinho de Anjo (1999)’’, entre outras.
História – Primórdios: A história dos bois de Parintins remete ao início do século XX, ainda que estes na época fossem grupos muito menores e menos estruturados, além de não possuírem qualquer registro formal. Antes da existência do festival, os bois Garantido e Caprichoso já alimentavam certa rivalidade entre si. No entanto, já existiam outros bois, precedentes ou contemporâneos a esses dois, tais como Diamantino, Ramalhete, Fita Verde, Corre-Campo, Mina de Ouro, Galante e Campineiro.
Oficialização do festival
Em 1965 aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, criado por um grupo de amigos ligados à Juventude Alegre Católica (JAC), entre os quais Xisto Pereira, Jansen Rodrigues Godinho, Lucinor Barros e Raimundo Muniz, então presidente da entidade, além do padre Augusto, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção da Catedral de Nossa
Senhora do Carmo, padroeira de Parintins.
No primeiro ano, vinte e duas quadrilhas se apresentaram, sem a presença dos bois
Caprichoso e Garantido.
Em 1966 os bois-bumbá foram convidados a participar do festival, e pela primeira vez ambos participaram juntos do festival. Nessa época, o critério estabelecido para definir o campeão foi o boi mais aplaudido pelos presentes. A partir de então, houve o acirramento da rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso. No ano de 1975, a organização do Festival foi assumida pela Prefeitura de Parintins, mudando o local para o Centro Comunitário Esportivo.
Com o tempo, o festival ganhou relevância nacional, passando a ser objeto de atenção da mídia e considerado atração turística de Parintins. Após a transmissão em rede de televisão nacional, profissionais que trabalhavam na festa passaram a ser contratados a partir da década de 2000 para trabalhar nos carnavais de Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1982, o Caprichoso, em protesto por ter demorado a receber as verbas públicas (que o boi Garantido havia recebido da Prefeitura com bastante antecedência), decidiu não disputar o festival, alegando que a disputa seria injusta, dado o tempo restado para confecção de um boi que pudesse competir à altura. A prefeitura, para manter a disputa, convidou o boi Campineiro que, por não ter condições de disputa, recebeu o vice-campeonato simbólico naquele ano. Assim, o Boi Garantido consagrou-se pentacampeão (1980, 1981, 1982, 1983 e 1984).
Desde 1994, além de instrumentos de percussão e violões, o teclado eletrônico foi incorporado aos grupos musicais fixos. Primeiro, no Boi Bumbá Caprichoso, trazendo a modernidade em que o festival entrou em sua 29ª edição. Sua consolidação ocorreu no ano seguinte, na 30ª edição, realizada em 1995, com a chegada do referido instrumento, no BoiBumbá Garantido.
Até 2005, o evento era realizado sempre nos dias 28, 29 e 30 de junho. Uma lei municipal mudou a data para o último fim de semana de junho.
Em 2017, os julgadores do festival sugeriram que este fosse ampliado e outros boisbumbá pudessem ser incluídos na competição, com a criação de uma liga dos bois-bumbá.
Em 2020, pela primeira vez na história, o Governo do Estado do Amazonas adiou a realização do 55º Festival Folclórico de Parintins para junho de 2021, em função da Pandemia de COVID-19 no Brasil. A medida foi anunciada pelo governo em 11 de setembro de 2020, durante reunião com os poderes e representantes de classe.
Logo depois, em razão da Pandemia de Covid-19, é anunciado o cancelamento do 55º Festival Folclórico de Parintins, sendo substituído por uma live especial realizada no dia 26 de junho. O evento não contou com a presença de público, que puderam acompanhar pelas plataformas digitais ou na TV aberta, pela emissora oficial do festival.
Em 2022 o festival volta a ser realizado pelos moldes tradicionais e com a presença de público após dois anos sem poder ser realizado por conta da Pandemia de COVID-19. A volta só foi possível por conta do avanço da campanha de vacinação contra a COVID-19 no Brasil, culminando também com a queda no número de casos e óbitos.
Boi Garantido, o primeiro campeão do festival.
Boi Caprichoso, o boi negro de Parintins
e atual Bicampeão do Festival.
Patrimônio Cultural do Brasil – Em 8 de novembro de 2018, o Complexo Cultural do BoiBumbá do Médio Amazonas e Parintins foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil na reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que aconteceu em Belém do Pará.
Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e Parintins
Concluímos finalmente que, acervos como o Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e Parintins, por se constituírem em importante foco de resistência da cultura legitimamente nacional, não só tem relevância para o estado do Amazonas e para o país, mas se revestem de um valor universal como lição de liberdade e humanidade. E ratificando os demais pareceres constantes do processo, somos de parecer favorável à sua inscrição, no Livro de Registro das Celebrações, como Patrimônio Cultural do Brasil. — Luiz Phelipe de Carvalho Castro Andrês, Conselheiro do Conselho Consultivo do IPHAN.
Os modos de brincar o Boi são diferentes dependendo da região do país. Em cada contexto há variações e denominações próprias, além de ocorrer em distintas épocas do ano. Seja qual for a vertente, o folguedo se estabeleceu de forma marcante na região amazônica e, a cada apresentação, faz o coração dos brincantes e de quem assiste pulsar mais forte. Nessa região, ele ocorre com mais frequência durante os festejos juninos dos santos católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro.
Transmissão – A primeira edição do Festival Folclórico a ser transmitido ao vivo foi em 1994, pela TV Amazonas, afiliada da Rede Globo. Este contrato vigorou até 1999. No ano seguinte, a transmissão passou a TV A Crítica, então afiliada ao SBT.
Entre os anos de 2008 e 2012, a Rede Bandeirantes transmitiu para todo o Brasil os três dias do evento em alta definição dentro da sua grade nacional de programação.
COMPONENTES DO FESTIVAL
O festival possui um total de 21 quesitos (itens), sendo que a maioria não possui ordem predeterminada de apresentação. As exceções são os três primeiros (apresentador, levantador de toadas e marujada ou batucada), além do último (encenação).
Os quesitos são: Apresentador; Levantador de Toadas; Batucada e Marujada; Ritual Indígena; Porta-Estandarte; Amo do Boi; Sinhazinha da Fazenda; Rainha do Folclore; Cunhã-Poranga; Boi Bumbá (evolução); Toada (letra e música); Pajé; Povos Indígenas; Tuxauas; Figura Típica Regional; Alegoria; Lenda Amazônica; Vaqueirada; Galera; Coreografia; e Organização do Conjunto Folclórico.
Música: A música, que acompanha durante todo o tempo, é a toada, acompanhada por um grupo de mais de 400 ritmistas. Os dois bois dançam e cantam por um período de duas horas e meia, com ordem de entrada na arena definida em sorteio. As letras das canções resgatam o passado de
mitos e lendas da floresta amazônica. Muitas das toadas incluem também sons da floresta e canto de pássaros.
Ritual: O ritual é o momento máximo da noite. Geralmente, acontece na parte final das apresentações e faz referências a mitos, lendas, tradições ou rituais tipicamente indígenas. E o Ritual geralmente trazem o Pajé tanto no Boi Caprichoso quanto no Boi Garantido e as vezes a Cunhã-Poranga.
Auto do boi: O auto do boi mostra o motivo pelo qual surgiu o Festival, com a história de Pai Francisco e Mãe Catirina. Catirina queria a língua do Boi, pois estava grávida. Pai Francisco foi atrás da língua do boi mais bonito da fazenda. Conseguiu e o matou. O Amo do Boi, dono da fazenda, quando soube ficou consternado e mandou trazer o “criminoso” para saber por qual motivo ele fizera tal ato. O Amo mandou ainda trazer médicos para tentar reviver o Boi, mas nada adiantou. Foi então que, com a ajuda dos índios, chegou ao Pajé, que fez reviver o boi do patrão.
Apresentador: Marca o centro do espetáculo, conduzindo o tema com sua voz. Precisa ter afinação, dicção,timbre e técnica de canto, No Garantido, atualmente o item é representado por Israel Paulain. Desde 2017, o apresentador do Caprichoso é Edmundo Oran.
Levantador de toadas: Após o apresentador, o elemento seguinte é o levantador de toadas, que precede à batucada. Todas as músicas que fazem a trilha sonora das apresentações são interpretadas pelo levantador de toadas. Trata-se de uma figura importante, já que a técnica, a força e a beleza de sua interpretação não só valem pontos como ajudam a trazer à tona a emoção dos brincantes. David Assayag é o mais reconhecido levantador do festival, que iniciou sua carreira no lado azul, depois tornou-se levantador do vermelho e por fim, em 2010, retornou ao Caprichoso, aonde permaneceu até o ano de 2021. No Boi Garantido, desde a conturbada saída de David Assayag do cargo, o levantador de toadas é Sebastião Júnior. No Boi Caprichoso, a partir do ano de 2022, Patrick Araújo, jovem cantor e uma das maiores revelações recentes da música amazonense, defende o item, obtendo grande destaque desde a sua estreia.
Amo do boi: O Amo do Boi, com seu jeito caboclo, exalta a originalidade e a tradição do folclore, fazendo soar o berrante e tirando o verso em grande estilo. É a chamada do Boi, que vem para bailar. No Garantido, este item é representado por João Paulo Faria, sobrinho do inesquecível apresentador Paulinho Faria, de família tradicional na festança pelo lado vermelho. No
Caprichoso, Prince do Boi é o responsável pela defesa do item.
Sinhazinha da fazenda: É a filha do dono da fazenda, representa a cultura europeia no boi. Precisa ter graça, desenvoltura, simplicidade, alegria, gingado, saudando o boi e o público. No Boi Caprichoso, o item é representado por Valentina Cid, filha de Karina Cid, a primeira Sinhazinha do Caprichoso e descendente de Roque Cid, criador do boi. Já no Boi Garantido, é representado por Valentina Coimbra.
Figuras típicas regionais e lendas amazônicas: Fazem aflorar os sentimentos de amor e paixão. Alegorias gigantes se movimentam. Coreografias e fantasias originais, com luz teatral e fogos, dão um brilho especial ao espetáculo. Ficção que retrata e ilustra a cultura e o folclore de um povo. Imaginação, envolvimento e encenação são importantes neste item.
Porta-estandarte: Representa o símbolo do Boi em movimento. Ela deverá ter garra, desenvoltura, elegância, alegria e sincronia de movimentos entre o bailado e o estandarte. Marcela Marialva representa o item no Caprichoso e Lívia Cristina pelo lado vermelho.
Cunhã-poranga: Representa a moça bonita, uma sacerdotisa, guerreira e guardiã. Expressa a força através da beleza. Deve possuir desenvoltura e incorporar a personagem. No Caprichoso, o item é defendido por Marciele Albuquerque Munduruku, única nativa do festival. No Garantido, o item é
defendido por Isabelle Nogueira.
Rainha do folclore: Representa a expressão do poder, pela manifestação popular. Deve possuir graça, movimentos com desenvoltura, incorporação, indumentária. Atualmente no Caprichoso depois da saída de Brena Dianá, a atual Rainha do Folclore é Cleise Simas. No Garantido o item é representado por Edilene Tavares.
Boi-bumbá evolução: É o símbolo cultural da manifestação popular. É a chegada do Garantido e do Caprichoso, a estrela guardiã da floresta, e o coração da festa, É a evolução do negro da América e do boi do povão, a cênica que deve conter a impressão de um movimento de um, boi real, soltar ‘fumaça’ pelo nariz que na verdade é farinha de trigo e não é obrigatório, mas tem que levantar a galera.
Pajé: O Pajé é o senhor da cênica feitiçaria e representa a cultura indígena na área. No Boi Caprichoso atualmente o Pajé é o Eric Beltrão, e no Boi Garantido é o Adriano Paketa.
Povos indígenas: Apresentação de um agrupamento nativo da Amazônia. Considera-se: sincronia de movimentos, fidelidade às raízes, cores, expressões cênicas, formas de dançar e movimentos originais.
Galera: A galera dá um show à parte. Enquanto um Boi se apresenta, sua galera participa com todo entusiasmo. Seu desempenho também é julgado. Do outro lado, a galera do contrário (adversário) não se manifesta, ficando no mais absoluto silêncio. Um torcedor jamais fala o nome do outro Boi, e usa apenas a palavra “contrário” quando quer se referir ao opositor. São
proibidas vaias, palmas, gritos ou qualquer outra demonstração de expressão quando o adversário se apresenta.
Jurados: Os jurados, em número de nove, são escolhidos nas semanas que precedem o Festival. Todos vêm de estados que façam parte de outras regiões do país, que não a Região Norte. Requisitos estão dispostos em um edital lançado pela organização meses antes, onde pode-se destacar ser estudioso da arte, da cultura e do folclore brasileiro, com mínimo grau de formação de mestre.
Os bois de Parintins tem hoje reconhecimento mundial como uma das principais festas culturais brasileiras. A festividade, que traz à arena simbolismos regionais que representam os povos indígenas e o homem ribeirinho nortista, se popularizou e tem atraído pessoas do mundo inteiro para a “Ilha Tupinambarana”, nome pelo qual a cidade de Parintins ficou conhecida. De forma massificada, os bois são muito populares no Amazonas e no Pará (principalmente a Oeste). Nessas regiões, as agremiações folclóricas contam com grandes torcidas que criam seus consulados e formam grandes caravanas para o festival. Os bois também são responsáveis
pelo maior evento festivo de Manaus, o Boi Manaus, onde milhares se reúnem no Sambódromo da cidade para se divertir ao ritmo regional. A rivalidade tem ares esportivos e se equiparada ao futebol, seria uma das maiores do país. Em Parintins, a cidade se divide ao meio pelos dois bois e essa rivalidade se alastra para outros municípios da região, incluindo Manaus.
As músicas dos bois são lançadas em CD e DVD, o que gera competição para saber qual dos bois vende mais. Em muitas campanhas políticas nas cidades da Região Norte, as músicas mais populares dos bumbás são convertidas em jingles que transformam as campanhas eleitorais em grandes festas nessas localidades.
Acontece em Manaus, os ensaios dos bois, chamado de Curral do Garantido e Bar do Boi Caprichoso, as datas são sempre determinadas pela presidência de ambos os bois, normalmente, inicia-se em meados de março e finaliza sempre em junho (em um sábado antes
do Festival).
Galera do Boi Garantido.
Galera do Boi Caprichoso.
RESULTADOS
BOI BUMBÁ ANO EM QUE FOI CAMPEÃO
GARANTIDO: 1966-1967-1968-1970-1971-1973-1975-1978-1980-1981-1982-1983-1984-1986-1988-1989-1991-1993-1997-1999-2001-2002-2004-2005-2006-2009-2011-2013-2014-2016-2019
CAPRICHOSO: 1969–1972- 1974-1976-1977-1979-1985-1987-1990-1992-1994-1995-1996-1998-2003-2007-2008-2010-2012-2015-2017-2018-2022-2023
ANO 2000 = HOUVE EMPATE.
ANOS 2020 e 2021 = NÃO HOUVE DISPUTAS EM RAZÃO DA COVID.
FOTOS DO BOI BUMBÁ CAPRICHOSO:
FOTOS DO BOI BUMBÁ GARANTIDO:
Espero que tenham gostado.
Paulo Almeida Filho – Inativo/Am
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