O empreendedorismo é crescente no Brasil, mas diversas pesquisas apontam que, pelo menos nos últimos anos, o contingente feminino abraçou essa opção com mais frequência do que os homens. Conforme dados do LinkedIn, a quantidade de mulheres que começaram a empreender cresceu globalmente durante a pandemia. No Brasil a fatia de novas empreendedoras avançou 41% em 2020, equivalendo a praticamente o dobro da taxa de expansão dos homens (+22%). De acordo com dados do Instituto Rede Mulher, o Brasil já ocupa a sétima posição no ranking mundial de empreendedorismo feminino.
As sondagens mostram também, por outro lado, que o aumento do empreendedorismo feminino ocorre frequentemente por necessidade, diante da falta de oportunidades. A tentativa de conquista de independência financeira, também vem acompanhada da incorporação de vários papéis profissionais e pessoais simultâneos, que problematizam o papel da mulher na pós-modernidade. A influência de familiares na escolha da carreira, por outro lado, assim como a soma de forças com companheiros de matrimônio na gestão dos negócios, também é usual.
A sócia-proprietária da Amazônia Fit, Patricia Areb, diz que é desafiador empreender no ramo fitness, competindo com preços e empresas de grande porte, além das dificuldades logísticas. Mas, acrescenta que tudo isso veio com investimentos, a abertura de uma segunda unidade e quatro anos de aprendizado, no qual se destaca uma lição. “Não dá para oferecer somente máquinas aos clientes, já que as pessoas procuram um lugar onde se sintam bem e acolhidas, além de um treino e séries. Nosso espaço também é de amigos, uma família que cresce”, resumiu.
Patricia Areb lembra que seu pai sempre foi comerciante e vendeu de tudo: churrasco, hortifruti, e até já fez frete. “Eu sempre ajudava em tudo e vi que ele não desistia nunca e sempre tentava algo novo. Admirava muito ele por isso, e veio daí a vontade de ter meu próprio negócio. As mulheres são dinâmicas, e se desafiam sempre, pensam nos detalhes, e tem uma visão ampla em qualquer situação. Espero que muitas, sejam incentivadas a crescer e ter seu próprio negócio. Eu mesmo já pensei em ensinar ou passar um pouco do que aprendi nesse período de fitness”, comentou.
Sensibilidade no trato
A gestora do Coyote Loco Bar, Verenna Valério, conta que a casa noturna foi criada pelo esposo e que chegou com “tudo montado”, mas ressalva que, ao perceber que o local não tinha boa administração, resolveu se dedicar juntamente com o marido para fazer a empresa funcionar da melhor forma possível. A pandemia aumentou a intensidade dos trabalhos, fazendo com que a empresária, que também é fotógrafa profissional e tecnóloga em segurança do trabalho, passasse a se dedicar integralmente à gestão do negócio.
Verenna considera que empreender em Manaus no ramo de bares e restaurantes não é uma tarefa fácil, porque a cidade já tem um leque amplo de opções de lazer noturno. Ela argumenta que o maior desafio é entregar um “atendimento acolhedor” e alegre, que sirva de refúgio para clientes e colaboradores em meio aos diversos problemas do dia a dia, sendo que a maior conquista é o retorno do freguês. E, segundo a empresária, a sensibilidade feminina conta muito quando o assunto é tratar de pessoas.
“Temos de nos atentar a pequenos detalhes, como saber tratar, saber falar, acolher, fazer com que cliente e funcionários se sintam bem no local. Tem uma frase que devia ser mantra diário para muitas mulheres que é ‘a vida só é dura para quem é mole. Ela serve para relacionamento, amizade e principalmente profissão. A mulherada quer se destacar no mercado e não é à toa que o empreendedorismo feminino cresceu 46% no Brasil”, ponderou.