Silvino Santos mergulhou na arte de fotografar, documentarista. Já Aurélio Michiles enriquece não apenas o patrimônio e imagético da Amazônia, mas a própria cultura fotográfica e do cinema, de um período não muito distante, porém, histórico.
É nesse ambiente de efervescência cultural, econômica e política, de significados e alterações no espaço urbano e do cotidiano interiorano é que devemos inserir e entender a lente que documentou todo o momento com fotografias e filmes.
Silvino Santos, um imigrante português que tem uma importância diferenciada na história iconográfica da Amazônia como também temos que se considerá-lo como um dos pioneiros, juntamente como o alemão Huebner, na tentativa de documentar e organizar a memória iconográfica de Manaus em seu entorno.
Exímio fotógrafo e cineasta, como nenhum outro, soube retratar a atmosfera da cidade e seu cotidiano interiorano nas primeiras décadas do século XX. Sua produção retrata tudo aquilo que ele via, ao mesmo tempo, com as novidades que adentravam no espaço urbano. Pouco se mostra do seu trabalho e atuação em estúdios, com retratos e crayon, produções praticamente pequena diante da exuberância de sua fotografia documental urbana. Isso é bastante raro na história da fotografia universal, já que, no período foram poucas as fotografias que conseguiram escapar da tradição do ateliê.
Silvino Santos mergulhou na arte de fotografar, documentarista – cronista, que deu relevância à fotografia como informação na história das representações visuais, e foram muitas.
É nessa particularidade que Aurélio Michiles recupera para a história e futuros estudiosos em DVD a vida e obra de Silvino Santos. O cineasta Aurélio Michiles com seu trabalho de qualidade excepcional, que enriquece não apenas o patrimônio e imagético da Amazônia, mas a própria cultura fotográfica e do cinema, de um período não muito distante, porém, histórico.
O cineasta Aurélio Michiles com o seu filme “Silvino Santos o Cineasta da Selva”, nos dá a oportunidade de ampliarmos a investigação e a pesquisa tanto no campo da fotografia quanto do cinema, do cotidiano urbano e da paisagem humana. Tudo isso, garante o acesso irrestrito para pesquisadores, estudantes e interessados neste segmento.
O filme – documentário de Aurélio Michiles é também importante permitindo reparar uma injustiça histórica. É claro que muito já se fez para lembrar Silvino Santos, porém, ainda somos devedores. O filme documentário de Aurélio Michiles vem estimular o interesse e o estudo pela obra de Silvino Santos, o fenômeno da fotografia e do cinema.
Vale lembrar um período de ampliadores, câmeras, obturadores, lentes e tripés, balanças, bacias, prensas, lanternas e cortadores, químicas, filmes e chapas de vidro, papéis e fórmulas especiais, álbum, cartões, pass-partouts, produtos para o acabamento e a apresentação dos trabalhos. Todas essas variedades de materiais e marcas é a consolidação do mercado, tanto profissional quanto o amador da época, hoje estamos na época digital.
É neste contexto que o cineasta Aurélio Michiles aparece como um profissional notável. Na condição de permitir a redescoberta com certo atraso da história do monstro sagrado Silvino Santos.
Aurélio Michiles procurou fazer esse registro, todo esse fragmento da realidade, do tempo sem antes nem depois. Um recorte fixado que representa através dos vestígios deixados por Silvino Santos, um olhar possível sobre o nosso mundo amazônico. Seu filme – documentário, tem esse desejo de olhar e documentar para posteridade, anos que se organizam e eternizam uma época.
Algumas delas têm uma luz e uma atmosfera absolutamente fascinante, pois é possível perceber que ele buscou em Silvino Santos a singularidade de todo um cotidiano amazônico.
Ora viva, viva muitas vezes a Aurélio Michiles.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
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