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Samuel Benchimol, cem anos, uma vida dedicada ao ensino, à cultura e ao desenvolvimento do Amazonas e da Amazônia

Por Osiris M. Araújo da Silva

28 de novembro de 2023 às 12:02 Compartilhe

No dizer do poeta amazonense Thiago de Mello, o bardo de Barreirinha, o professor, historiador, pesquisador e empresário Samuel Benchimol, “de todos nós, caboclos amazonenses (Samuel Benchimol é só culturalmente caboclo, o que já é muito) que amamos a nossa floresta (e por isso a estudamos para conhecer melhor a sua verdade), ele é, de longe , quem mais sabe da Amazônia: sabe sua história todinha, sabe a sua formação social e econômica, sabe os sangues que urdiram os seus tipos étnicos, sabe as razões e os frutos de sua cultura de cor e salteado. Há mais de meio século que Samuel não faz outra coisa senão estudar a Amazônia e o Amazonas em particular. Samuel Benchimol trouxe para a Universidade Federal do Amazonas, da qual é professor, e criador de uma cadeira dedicada a estudos da região, toda a documentação existente na Torre do Tombo e no Arquivo do Ultramar Português, de Lisboa, relacionada com a ocupação e colonização da Amazônia, desde os dias antigos de quase cinco séculos. Eis todo o alcance de suas convicções: ‘Da proteção ambiental depende a continuidade da própria vida humana’. E vê a urgente necessidade de harmonizar a proteção com fatores econômicos, políticos e sociais, como a visão estendida para o futuro, não apenas de nossa floresta, mas do porvir da vida dos homens deste planeta”.

O centenário de seu nascimento foi celebrado na Câmara de Vereadores de Manaus em sessão especial na quinta-feira, 22; quando da inauguração do Memorial Samuel Benchimol, dia 23, localizado no Centro Cultural Povos da Amazônia; na noite de sexta-feira, 24, por ocasião da solenidade de outorga dos Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente e lançamento do livro “Samuel Isaac Benchimol – Memória da Influência Cultural, Intelectual e Social na Amazônia Contemporânea”, do qual, com muita honra, sou um dos autores convidado pela família Benchimol. No sábado e no domingo a data foi alvo de reconhecimento e celebração por sua obra acadêmica e intelectual na Academia Amazonense de Letras e na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A semana em honra do ilustre filho de nossa terra foi organizada com plena dedicação e esmero por seus filhos, netos, além de dedicados colaboradores que zelam por sua obra.

De acordo com Jacques Marcovitch, professor da USP, Samuel Benchimol, além de professor, pesquisador nato e escritor, “foi um dos mais ativos pioneiros empresariais do Brasil. Atuou principalmente na Amazônia, onde também se distinguiu por uma vasta produção intelectual. Legou à posteridade notável obra escrita sobre a região, na qual se insere o livro “Amazônia: Um Pouco-antes e Além-depois”, lançado em 1977, reeditado em 2010. Antecipou-se ao conhecido Relatório Brundtland publicado em 1987 “Our Common Future”, que relaciona fatores ambientais e economia. Líder que serviu sua comunidade de forma destacada, o Prof. Benchimol defendeu o desenvolvimento sustentável da Amazônia, respeitando-se quatro diretivas: viabilidade econômica, adequação ecológica, equilíbrio político e justiça social. A obra atualíssima desse empresário pensador fez dele também um pioneiro dos estudos amazônicos”.

Samuel Benchimol compõe grupo estruturante da cosmologia amazônica, formando e influenciando gerações, ao lado de Arthur Reis, Sócrates Bonfim, Djalma Batista, Araújo Lima, Cosme Ferreira Filho, Leandro Tocantins, Mario Ypiranga Monteiro, Moacir Paixão e Silva, Agnelo Bittencourt, Alfredo da Mata, Armando Dias Mendes, Ozório Fonseca, Thiago de Mello, Bertha Becker, Alfredo Homma, Marcio Souza, João Meirelles Filho, Etelvina Garcia, Roberto Vieira, Eneas Salati, Warwick Kerr, Adalberto Val, Niro Higuchi, Charles Clement, Carlos Roberto Bueno (dentre outras inteligências que despontam como precursores, uns; difusores, outros, das bases do conhecimento científico do bioma amazônico e sua importância para o desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável da região).

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